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Braços na Dança Oriental

  • Foto do escritor: Cris Aysel
    Cris Aysel
  • 7 de abr. de 2020
  • 5 min de leitura

Atualizado: 2 de mai. de 2020




Deixo-vos aqui uma pequena reflexão sobre o trabalho de braços na Dança Oriental e nas suas fusões. Quando começamos a praticar esta dança (de facto, não é apenas quando iniciamos a prática, é algo que nos acompanha ao longo da vida dançante) ficamos muito preocupados com anca, com as ondulações, entre outras técnicas, que nem nos lembramos dos braços. Claro que é importante ir passo a passo e sentir o caminho na evolução desta dança. Aqui apenas tentarei dar pequenas ferramentas para que possam ser mais conscientes naquilo que fazem em palco, nas aulas ou em casa, nem que seja a improvisar!


Os braços como veículo de emoção


Os braços funcionam como uma moldura, permitem dar beleza, suavidade, força ou qualquer outro sentimento que desejem e ainda pode ser um belo jogo visual para tornar a dança mais rica.

Os braços na Dança Oriental e suas fusões (na verdade em qualquer dança) são um grande desafio. Na minha perspectiva, os braços representam o nosso lado emocional, logo são mais difíceis de controlar e de lhe dar a intenção que queremos. Para além disso, tendo em conta que a Dança Oriental utiliza diversas partes do corpo em simultâneo, é complicado, por exemplo, manter uns braços bonitos quando queremos trabalhar de forma marcada a anca: a nossa atenção vai toda para anca, e, os braços (assim como a postura, a colocação dos pés, entre outros) são colocados para segundo plano, tornando toda a execução mais pobre ou então não tão “limpa”.



No entanto, não reprimam os vossos movimentos com medo de fazerem braços menos bonitos…a perfeição não existe, mas a prática e uma análise cuidada do que poderá resultar ou não faz parte da vida da/o bailarina/o. Para além disso, não há propriamente proibições, podemos é sentir que alguns braços podem abafar outros movimentos ou que não estão bem colocados, por isso, o treino será para sempre fundamental. Há algumas coisas que podemos respeitar (para criar o efeito que se pretende, por exemplo, ou utilizar alguns braços que já conhecemos e que são muito usados com determinados movimentos…na verdade, sabemos que há braços típicos da Dança Oriental e por isso é normal que também sejam sempre trabalhados), no entanto há liberdade para trazerem movimentos pensados por vocês, movimentos que surjam porque a música ou o corpo vos pediu naquele momento e que tudo conjugado resulta em algo único também…na fusão então, não há limites.


Explorando o trabalho de braços


A fluidez e a graciosidade são muito importantes na dança em geral e isto torna-se bem visível nos braços

Os braços podem fazer ondulações, estarem a destacar uma parte do corpo, ficarem os dois próximos da anca, apenas um deles ficar perto da anca, ficar em posição base (braços abertos nas laterais, ao nível do peito, com os ombros para baixo e cotovelos relaxados, mas não muito dobrados), fazer o desenho de uma figura de oito, de um círculo, círculo só com um braço (por cima da cabeça, nas diferentes direcções – “penteia e despenteia”, por exemplo; ao lado, à frente).


Enfim, como podem ver, não há limites no que podem fazer, no entanto é preciso mostrar que têm controlo sobre eles, que estão coordenados e com a energia que desejam.


A fluidez e a graciosidade são muito importantes na dança em geral e isto torna-se bem visível nos braços. Ter uma anca poderosa e braços rígidos torna toda a vossa performance rígida ou pode dar uma sensação de que ainda falta algo na vossa dança. Portanto, a dica que dou é que têm de usar os braços para além de deixá-los numa determinada postura para sempre. Variem as linhas desejadas (para não ficarem com os braços sempre na mesma posição) e sintam que eles dançam juntamente com o resto do vosso corpo, isto é, sentir a fluidez do movimento: deixem que os braços respirem e dancem com vocês, tenham a noção do caminho que querem que eles façam, mas sintam a continuidade do movimento. Imaginem que estão a desenhar o vosso movimento com uma caneta no papel…significa que não estão a tirar a caneta do papel…até quererem fazer um ponto final (isto é válido também para outros movimentos e não apenas com os braços).




No entanto, é importante dar igualmente atenção aos braços quando estes estão em posição estática. Mesmo nestas alturas, é importante mostrar que todo o vosso corpo parece que respira e que conseguem controlar a posição de braços que querem, sem que eles pareçam tencionados, porque naquele momento quiseram que outra parte do corpo brilhasse. Como podem trabalhar isto? Fazendo, mas sendo conscientes. Tenham a noção do que querem fazer com os braços, qual o caminho do movimento e treinem também à frente do espelho, para verem como eles se mexem, se realmente está a fazer ondulações, por exemplo, ou se apenas está a subir e a descer o braço sem haver uma ligação entre um braço e o outro. Sejam conscientes da posição dos braços e o seu percurso (mais próximos do corpo, mais afastados, um em cima e outro em baixo, a trabalharem de forma alternada, os dois na mesma direcção, etc), mas tenham em atenção que os braços estão sempre a trabalhar, a manifestarem-se, mesmo quando aparentam estarem parados. Há uma energia que flui pelo corpo e que não podem travar nos braços. Filmem-se e vejam também o resultado…e vejam onde ainda precisam de se focarem e continuem a treinar, mas sempre com prazer e vontade evoluir.


Outra dica que vos posso dar é: nas aulas que fazem de forma regular, não importa o estilo, tentem dar atenção aos braços, não só quando estão em movimento, como também quando estão numa determinada posição, mais estáticos. Sintam os mesmos, olhem-se ao espelho, ouçam os professores e vão tentando ir mais além, corrigindo-se sempre. Caso (já) não façam aulas regulares, no vosso treino em casa ou onde for, tentem dar atenção a estes pormenores.


Se forem iniciadas e ainda sentirem dificuldades em coordenar braços com outras partes do corpo, não se preocupem. Tentem treinar primeiro a anca ou qualquer outra parte do corpo que esteja a fazer um movimento e aos poucos vão adicionando os braços…também podem treinar apenas a sequência dos braços para sentirem e compreenderem a sua lógica e depois…toca a treinar tudo junto. Aliás, este conselho é válido mesmo para quem já não é iniciado, mas que está a aprender algo novo e ainda precisa de dominar as diferentes partes.


Bom trabalho e descubram a beleza que existe até nos movimentos mais simples, que por vezes acarretam tanta dificuldade na sua execução, pois o parecer natural exige um grande controle ao mesmo tempo libertação corporal!

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